segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Quanto Custa um salario de bailarina ?

Em época de Festival de Dança, a beleza das apresentações faz aflorar o desejo de ser bailarino em muitas crianças. Mas cada formação tem seu preço. Somando-se o valor de mensalidades de cursos – o reconhecimento legal do profissional depende de oito anos de formação básica e cursos profissionalizantes –, a carreira, que geralmente começa na infância, exige um investimento de, em média, R$ 87,8 mil entre os 6 e 18 anos. São gastos em aulas, uniformes, transporte e figurinos.
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a média de salário para um bailarino profissional em Santa Catarina é de R$ 1.007,50. Já em São Paulo, a faixa salarial sobe para R$ 3.685,50. Ou seja, bailarino do mercado catarinense precisa trabalhar cerca de 86 meses — pouco mais de sete anos — só para devolver ao cofrinho o investimento feito desde a infância. Por isso, muitos acabam desistindo dos palcos para ensinar novos profissionais. Professores universitários de dança podem ganhar uma média de R$ 8 mil por mês.
Enquanto os meninos podem esperar até 16 anos para decidir pela carreira da dança, as meninas não devem passar dos 12 anos.
— É uma questão de transformação física. O treinamento de um bailarino é desgastante. Se ele não começa a desenvolver suas habilidades corporais desde cedo, o talento para a arte não será suficiente — explica Angélica Maiole Brognoli, coordenadora da Escola Municipal de Ballet de Joinville.
Aos 9 anos, Bianca Espíndola descobriu por acaso o dom, em uma seletiva da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil em escolas públicas de Joinville. Hoje, dez anos depois, tem o certificado da formação pela instituição russa e se prepara para prestar vestibular para dança no fim do ano.
— Precisei de muita disciplina e trabalhei por um tempo em uma gráfica para garantir, pelo menos, os investimentos em figurinos e participações em festivais. Cheguei a desistir quando tive que gastar o salário em um fim de semana para participar de um festival — lembra Bianca.
Depois de muito esforço, ela começou a dar aulas de balé para crianças e sua atuação do Festival de Dança de Joinville do ano passado foi estampada nas páginas da “Dance Europe”, revista considerada uma das mais importantes do mundo. A dedicação garantiu ainda patrocínio para a trajetória profissional da jovem.
Assim como Bianca, Erica Nessler, de 17 anos, entende que é preciso gastar muita sapatilha para ter sucesso. Mesmo tendo comprovação do currículo profissional, que começou aos 4 anos em babyclasses, ela faz questão de fazer o curso profissionalizante do Bolshoi para, depois, cursar a graduação.
— É um investimento diário e com consciência de que a carreira exige pés no chão — diz.
Passos na informalidade
Enquanto muitos bailarinos correm atrás de reconhecimento para a carreira profissional, a maioria das pessoas que têm talento para dança alimentam a paixão na informalidade.
— Muita gente vê a dança como uma carreira paralela, trabalham o dia todo e aprimoram a profissão de bailarino nos períodos restantes do dia — explica Sheila Melatti, uma das sócias da Escola de Dança AZ Arte, de Joinville.
Muitas vezes, os bailarinos informais concluem os cursos profissionalizantes e usam o conhecimento para atividades que ultrapassam a arte dos palcos.
— Isso pode até ser visto como uma especialização para quem quer se aprofundar na dança. O interesse pode crescer e o bailarino usa o conhecimento básico para ingressar no curso de graduação. Ele pode se formar e ser crítico de dança, por exemplo — argumenta Lisa Jaworski, presidente da Associação dos Profissionais da Dança de Santa Catarina (Aprodança/SC).
— O estudo da dança vai além do treinamento físico. É formação técnica, com análises da evolução da arte no mundo. Há a necessidade de entender este meio. As coreografias, a gestão e a disciplina — acrescenta Sheila.


Fonte
(http://wp.clicrbs.com.br/anfestival/2012/07/22/quanto-custa-ser-bailarina/?topo=84,2,18,,,84&status=encerrado - Acessado em 03/11/2014)

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